sábado, 17 de janeiro de 2009

Joana (conto interminado)

Joana queria voar. Joana queria viver. Tão intensamente, tão vivamente, que sua mente vibrava em febre com tantas coisas intensas que via em torno de si. Não bastava simplesmente aguardar o dia de amanhã, era preciso experimentar tudo, aqui e agora.

Um dia, Joana decidiu. Libertou-se. Quebrou as algemas que a retinham ao solo, com lágrimas nos olhos abandonou o velho ninho de conforto. Abriu as portinholas da gaiola, deixando para trás velhos compromissos, e buscando o infinito.

Joana plana agora sobre os céus de brigadeiro, em sua ampla beleza primaveril, cheia de esperanças e calor em seu interior. É novamente como um jovem passáro que redescobriu o prazer de rasgar a imensidão vazia dos ares. Brinca descompromissadamente com outras aves, canta feliz um trinar de liberdade, suspende suas asas por alguns instantes apenas para sentir o vento mais intensamente rasgando por baixo de seu corpo, levando-a acima. Como uma mágica. Como a vida, que às vezes simplesmente leva sem direção.

Quem permanece no chão vê que agora ela voa, e fica cada vez menor no horizonte. Um coração apertado aguarda ansioso pelo retorno, esperando sinceramente um dia poder voar junto a ela.

O segredo não está em voar. Está em voar juntos.

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