É estranho querermos pensar em "encontrar um grande amor". Primeiro, porque parece que somente temos um grande amor em nossas vidas. Um desejo um tanto exclusivista para um mundo em que nos vemos envolvidos por tantos seres diferentes e especiais...
Nem estamos defendendo a poligamia. Aliás, quem leu assim, cometeu o segundo erro: "amor" não é exclusivamente conjugal. Por vezes, acontece de encontrarmos na pessoa que escolhemos para conviver com exclusividade aquela que nos auxilia em nossas grande realizações pessoais, alguém amoroso e companheiro, que nos completa em nossos sonhos, por vezes até oriundos da infância. Mas, convenhamos, o amor é muito maior que isso.
Nem é preciso dizer que o amor é muito mais amplo que o relacionamento sexual de dois seres. Importante, belo, quase sagrado. Mas para que assim seja, ele depende do amor - não o traduz, como normalmente se interpreta em nossos tempos de paixões e sensualidade. Nem tampouco é a paixão dos primeiros segundos, que traduz muita vez a mera atração física, necessitada de depuração no tempo.
Mas este foi só o primeiro argumento. O segundo, é de que talvez sejamos muito pequenos para querer definir este que, imaginamos, seja o mais belo dos sentimentos. Lembrando do que nossas referências nos dizem, e do pouco que conseguimos compreender, entendemos que o amor se manifesta quando nos vemos em direção ao outro ser. Vemos que nos momentos em que doamos algo de nós, com sincero desejo de auxiliar, invade-nos um sentimento que talvez seja algo próximo do amor... Sentimos a alegria que talvez traduza-o quando nos preocupamos sinceramente com o outro, sem segundas intenções. Vemos homens, que eram verdadeira tradução do amor, que superaram desentendimentos e aflições, seres que compreendem e perdoam; respeitam e apóiam; seguem lado a lado, sem se amarrar. São tantas características, que traduzem o bom e o belo, e que resumimos nesta singela palavra. Somos incapazes de compreende-lo totalmente, porque ainda resumimos nossa compreensão dessas virtudes a aspectos meramente estéticos ou perecíveis. Mas nestas singelas passagens, é como se um pequeno foco de luz brilhasse em meio à enorme escuridão, fazendo nossos olhos brilharem e nosso coração bater tranquilo.
Mas o terceiro e definitivo argumento é que um grande amor não está lá fora. Ele não se acha nas ruas, nos bares, nas esquinas, nas casas religiosas. Ele está dentro de nós. Ele brota da transformação pela qual passamos, sem perceber... Quando abandonamos nosso pequenos e fechados mundinhos, pensando um tanto menos em nós mesmos. Vendo a beleza da mundo que nos envolve, sentindo o ar que nos invade o pulmão, sorrindo com o sorriso alheio, e enxugando lágrimas que escorrem... Renunciando a algo que gostamos muito, em nome de um outro algo ou alguém... São tantos momentos em que percebemos que algo diferente vibra dentro de nós. E depois da tormenta da transformação, estamos renovados, repletos e felizes... E amamos... Apenas um pouco talvez, mas já o suficiente para nos vermos diferentes do que éramos. Mas repletos, mais cheios de si.
Portanto, que todo aquele de nós que procuramos um amor, que olhemos para dentro, para olhar para fora. Que sejamos menos críticos, menos apegados a nossos vícios e vontades. Que sintamo-nos novos, em nós mesmos.
Talvez isso seja o amor. Alguns chamam de Deus. Tudo bem, são sinônimos.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
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